Quantas noites deixaste por dormir, envolto no sentimento pesado de que nada estava certo? Quantas vezes deste ao tempo tempo a menos, e te sentiste preso numa vida que pouco te diz? Quantos foram os momentos em que desejaste estar longe, sem saber bem onde? E quantas foram as vezes em que te olhaste ao espelho e questionaste sobre quem és, ou se te conheces realmente? A tua presença faz-te falta à vida. Visionas o que não tens, perdes-te nos teus pensamentos, nas tuas fantasias; esqueces quem és, falta-te até o que já é teu. A hipocrisia da vida prende-se nisso mesmo: no tempo que não cabe em ti. Porque o tempo não é de ninguém, é dele próprio. O tempo vai onde quer à velocidade que quer. Cabe-te a ti saber onde vais porque, enquanto não souberes, andarás apenas à deriva do tempo.
Fotografia de Leonor Costa
Onde te encontras, então? Nas manhãs de domingo sonolentas? Nas noites de sexta com os amigos? Encontras-te nos livros que lês, nos filmes que vês? Encontras-te no tempo que passas sozinho ou acompanhado? Sabes ser feliz? Estas são perguntas que se perdem no tempo e, ironicamente, que mais nos fazem perder tempo. Crescer traz-nos uma falsa sensação de urgência e, como diz o ditado, “depressa e bem há pouco quem”. É por isso que, antes de mais, deves dar tempo ao tempo e acima de tudo dá-lo a ti. O que é um ano à sombra de uma vida inteira? Talvez seja a diferença entre o tempo bem empregue e o tempo que se deixou voar.
Se já decidiste que queres ver as tuas questões respondidas e o teu tempo valorizado; e se este é o tempo de fazeres, de facto, um gap year, então aproveita este período de férias, tuas ou dos outros, em que tudo acalma, sossega e reduz o ritmo, para começares a planeá-lo. Deste lado, estamos aqui para te ajudar.
Carolina R. de Sousa
Texto inicialmente publicado na newsletter da Gap Year Portugal. Subscreve-a já hoje, aqui em baixo.
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