Nos cravos

Na vida que temos: nos passeios de domingo, nas férias de verão, no tipo de pão que pomos na mesa, nas discussões de café, nas queixas que fazemos e até naquilo que escolhemos ler; nessas (pequenas) coisas, e em tudo o que somos hoje, devemos lembrar-nos que o somos porque alguém lutou por nós. Que somos o fruto de muita história, e o fruto de muito sofrimento. Há 47 anos alguém decidiu que era isto que queria para nós, que fossemos livres. No nosso caso, a liberdade não nasceu de tiros e sangue, nasceu de vontade, de coragem, de música, e de cravos. Sobretudo nasceu de cravos. E se isso não nos define enquanto portugueses, não sei que mais há de definir.
Neste momento, em que todos sentimos que a liberdade nos foi tirada, devemos refletir, mais que nunca, no que ela significa. Entristece-me que ainda se diga mal das greves, pois o direito de um grevista passa por ser meu também. Entristece-me que ainda se diga mal de quem recebe subsídios, pois o direito que alguém tem de os receber é um direito que eu tenho também. No dia de hoje, entristece-me que se veja a quarentena como uma restrição à liberdade porque, a cada dia que passo fechada e longe dos meus amigos e família, é um dia em que escolho o meu direito à saúde, e o direito de todos os que me rodeiam a tê-la. Ser livre já se tornou mais que apenas “poder”. Ser livre é “poder” e saber o que se pode.
Hoje, no lugar da ação, desafio-vos a investir um pouco mais em conhecer. Em estudar as vossas opções e descobrir de quantas maneiras diferentes podem ser, de facto, livres. Muito disso passa por se ser alguém que age de acordo com os seus próprios ideais e valores. Se, para isso, precisares de um empurrãozinho nosso, fica atento ao nosso instagram. Em breve lançaremos dicas em como planear um gap year, e todas as opções que hoje, por seres livre, estão em aberto.
Carolina R. de Sousa